Principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio completará 25 anos em 2023. O exame, que já teve uma grande reformulação ao longo de sua história, passará por mais uma mudança estrutural em breve. A reforma passa a valer na prática a partir deste ano e deve estar integralmente implementada em todas as escolas de ensino médio do país até 2024. As modificações no Enem devem respeitar o mesmo limite de prazo. As discussões para a construção de uma nova estrutura já foram iniciadas, mas caminham a passos lentos.
Sobre o novo Ensino Médio
Apresentada por meio de Medida Provisória, a reforma do ensino médio, virou lei em 2017, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Norteado pela Base Nacional Comum Curricular, o currículo do novo ensino médio prevê, entre outros pontos, a organização das disciplinas em quatro áreas de conhecimento, que são: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e sociais aplicadas. O objetivo é que, neste modelo, as disciplinas que antes eram trabalhadas de forma individual agora sejam estudadas e exploradas de forma conjunta e interdisciplinar. A reforma prevê, ainda, o oferecimento de itinerários formativos. É a sua principal inovação: uma parte mais flexível do currículo, em que o aluno pode escolher a área em que deseja se aprofundar no ensino médio.
Pela lei, pelo menos 40% da carga horária total do ensino médio deve ser dedicada aos itinerários, que são divididos em cinco grandes áreas: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e formação técnica e profissional. Cada rede de ensino ou escola particular pode ter diferentes itinerários, sendo obrigatório oferecer ao menos duas opções para os alunos. É justamente nesta etapa que aparece, hoje, a maior dificuldade para a construção de um novo modelo para o Enem.
Cenário de restrição nos investimentos ligados à educação
Um dos principais alvos de cortes no Orçamento de 2022, o MEC perdeu recursos estimados em R$ 800 milhões. Em meio a esse cenário, aparecem ainda as limitações do atual Banco Nacional de Itens do Enem e a crise no Inep. No ano passado, mais de 30 servidores do instituto entregaram seus cargos às vésperas da realização do exame e assinaram uma carta coletiva citando a "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep". O presidente do instituto, Danilo Dupas, foi acusado pelos servidores de assédio moral e de tomar decisões sem critério técnico.
Em meio ao planejamento para o novo o Enem, o país passará por um processo eleitoral que determinará se haverá ou não uma nova gestão federal em 2023. Para o presidente do Consed, é preciso atentar para que eventuais trocas no Inep ou no MEC, mesmo em caso de reeleição do atual governo, não atrasem ainda mais o planejamento do novo modelo do exame.
Conheça abaixo a Linha do Tempo do Enem
1998 - Primeira aplicação do Enem. Exame tinha 63 questões objetivas interdisciplinares e uma redação, aplicadas em um só dia de prova
2005 - Primeira edição do Prouni que oferece bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior com base no desempenho dos candidatos no Enem
2009 - Primeira grande reformulação da prova. Com 180 questões objetivas divididas entre quatro áreas de conhecimento e a redação, o Enem passou a ser aplicado em dois dias (sábado e domingo). A TRI (Teoria de Resposta ao Item) também passou a ser utilizada
2010 - Primeira edição do Sisu que oferece vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil a candidatos que fizeram o Enem
2017 - Após a realização de uma consulta pública, o Enem deixa de ser realizado em um só fim de semana e passa a acontecer em dois domingos consecutivos
2024 - Prazo limite para a adequação do Enem às mudanças no currículo do ensino médio
Foto: Reprodução/Internet
Por Drielle Almeida